
Há cem anos, em 1909, o mundo via publicada a primeira caricatura feita por uma mulher. Assim nascia Rian (Nair ao contrário) (foto), pseudônimo de Nair de Teffé. Suas caricaturas publicadas pelo jornal Excelsior fizeram enorme sucesso na França e resultou na sua condecoração pelo governo francês como Officier de l’Instruction Publique.
Nair de Teffé tinha então 23 anos e, de volta da Europa, morava em Petrópolis. Nascida no Rio de Janeiro era petropolitana de coração. Aqui cresceu, conheceu e se casou com o Marechal Hermes da Fonseca, então Presidente do Brasil, 31 anos mais velho que ela. Ele incentivava o trabalho como caricaturista e era seu maior admirador.
Nair quebrou paradigmas. No ano seguinte ao casamento, e oito anos antes da Semana de Arte Moderna (1922), a então Primeira-Dama, escandalizou a sociedade carioca ao trazer para os salões do Palácio Presidencial apresentações de Catulo da Paixão Cearense e a música Corta-Jaca, da Maestrina Chiquinha Gonzaga. Os compositores populares brasileiros eram apresentados à fina flora da sociedade carioca e o violão, instrumento associado à boemia e aos maus costumes, ganhava papel de destaque.
Esta atitude foi alvo de muitas manifestações de repúdio, inclusive do então Senador Rui Barbosa, que deixou registrada nas atas do Senado a sua indignação: “Mas o Corta-jaca de que eu ouvira falar há muito tempo, que vem a ser ele, Sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o Corta-jaca é executado com todas as honras de música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria!” (Rui Barbosa, Senado Federal, 08.11.1914).
A ira de Rui Barbosa mereceu caricatura de Rian, que defendia o direito de promover a autêntica cultura brasileira. Corta-jaca era considerada a essência da música genuinamente indígena e, além disso, Nair de Teffé exaltava uma figura feminina – Chiquinha Gonzaga.
O feminismo no Brasil
A garantia de direitos iguais entre homens e mulheres tem sido a bandeira dos movimentos feministas no mundo. No Brasil, as primeiras manifestações feministas datam das primeiras décadas século XIX, quando passaram a reivindicar espaço público - até então a mulher não era reconhecida como um indivíduo dotado de direitos.
O movimento feminista brasileiro reconhece duas figuras como precursoras da emancipação das mulheres: Nísia Floresta e Bertha Lutz. Nisia Floresta, educadora, escritora e poetisa, publica uma séria de artigos sobre a condição feminina e é aplaudida por Auguste Comte, pai do positivismo. Bertha Lutz, bióloga, se tornaria, uma das mais expressivas lideranças na campanha pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres no Brasil.
No entanto, foi em Petrópolis e na capital da República (Rio de Janeiro), onde teve início a revolução cultural e feminista preconizada por Nair de Teffé. Em uma entrevista concedida ao Jornal de Petrópolis, em 20 de dezembro de 1924, Nair de Teffé fala sobre a condição feminina: “No velho continente, depois de serem discutidas as leis que vedaram ao partido feminista toda a liberdade de ação, parece ter ficado assentado que a mulher, na generalidade, em todas as esferas, é mais hábil do que os homens (...) pois mais do que eles tudo produz economicamente”. E continuou assim a sua defesa em prol mulheres: “Por que permitir ainda que os homens continuem a atrapalhar a vida econômica do sexo frágil (....) disputando-lhe os empregos e os cargos ao alcance de suas forças e capacidades?”
Após a morte do marido e do pai, Nair de Teffé mudou-se para o Rio de Janeiro e, mais uma vez, se envolveu no mundo das artes ao construir, com recursos próprios, o mais charmoso cinema carioca – o Cine Rian, inaugurado em 1942 e demolido em 1983.
Para Edmilson Martins Rodrigues, autor do livro Nair de Teffé – vidas cruzadas, Nair/Rian foi símbolo não de uma época, mas de várias épocas e “seu endeusamento como mulher e feminista advém das situações conjunturais, que também levaram a uma elevação de seu nome ao estrelato da caricatura”.
A ira de Rui Barbosa mereceu caricatura de Rian, que defendia o direito de promover a autêntica cultura brasileira. Corta-jaca era considerada a essência da música genuinamente indígena e, além disso, Nair de Teffé exaltava uma figura feminina – Chiquinha Gonzaga.
O feminismo no Brasil
A garantia de direitos iguais entre homens e mulheres tem sido a bandeira dos movimentos feministas no mundo. No Brasil, as primeiras manifestações feministas datam das primeiras décadas século XIX, quando passaram a reivindicar espaço público - até então a mulher não era reconhecida como um indivíduo dotado de direitos.
O movimento feminista brasileiro reconhece duas figuras como precursoras da emancipação das mulheres: Nísia Floresta e Bertha Lutz. Nisia Floresta, educadora, escritora e poetisa, publica uma séria de artigos sobre a condição feminina e é aplaudida por Auguste Comte, pai do positivismo. Bertha Lutz, bióloga, se tornaria, uma das mais expressivas lideranças na campanha pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres no Brasil.
No entanto, foi em Petrópolis e na capital da República (Rio de Janeiro), onde teve início a revolução cultural e feminista preconizada por Nair de Teffé. Em uma entrevista concedida ao Jornal de Petrópolis, em 20 de dezembro de 1924, Nair de Teffé fala sobre a condição feminina: “No velho continente, depois de serem discutidas as leis que vedaram ao partido feminista toda a liberdade de ação, parece ter ficado assentado que a mulher, na generalidade, em todas as esferas, é mais hábil do que os homens (...) pois mais do que eles tudo produz economicamente”. E continuou assim a sua defesa em prol mulheres: “Por que permitir ainda que os homens continuem a atrapalhar a vida econômica do sexo frágil (....) disputando-lhe os empregos e os cargos ao alcance de suas forças e capacidades?”
Após a morte do marido e do pai, Nair de Teffé mudou-se para o Rio de Janeiro e, mais uma vez, se envolveu no mundo das artes ao construir, com recursos próprios, o mais charmoso cinema carioca – o Cine Rian, inaugurado em 1942 e demolido em 1983.
Para Edmilson Martins Rodrigues, autor do livro Nair de Teffé – vidas cruzadas, Nair/Rian foi símbolo não de uma época, mas de várias épocas e “seu endeusamento como mulher e feminista advém das situações conjunturais, que também levaram a uma elevação de seu nome ao estrelato da caricatura”.
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