Filhos da Terra, grupo criado há dez anos pelo CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) de Petrópolis, com o objetivo de gerar trabalho e renda para jovens de comunidades carentes, exporta cartões ecológicos para Alemanha, Suíça, Suécia, Holanda e Canadá. Dos 25 capacitados, apenas sete continuaram, aprimoraram a técnica e hoje produzem cartões, quadros, luminárias e esculturas feitas com papel reciclado, folhas e flores secas, musgos, cascas de alho, cebola e outros materiais produzidos pela natureza. “Temos o cuidado de não arrancar nada. Tudo que usamos é natural”, afirma Raquel Vargas, 23 anos. De acordo com Jefferson Baltar, o mais antigo do grupo, hoje com 28 anos, os cartões são os produtos que mais saem e o melhor período para comercialização é no fim do ano quando grandes empresas compram a produção para brinde de natal. Entre os clientes estão Itaipú e Eletrobrás.
O Grupo também faz um trabalho social com orfanatos, hospitais, presídios, com portadores de deficiência e crianças. Foram contatados pela Itaipu para fazer uma oficina de capacitação com a população carente de Foz do Iguaçu. Os Filhos da Terra utilizam o trabalho como uma abordagem para despertar a consciência ecológica. Cleonice Fernandes, 25 anos, fala sobre a experiência da oficina no presídio: “Foi diferente de todas. Foi bem forte. Primeiro porque o material que será utilizado deve ser coletado pelos aprendizes e lá não tinha o que coletar – era tudo muito árido. Foi impressionante perceber que muitos já não reconheciam determinadas coisas, como o musgo, que levamos. A experiência foi muito difícil. O próprio lugar, e os agentes de segurança que permaneciam junto ao grupo o tempo todo, inibiam o desenvolvimento do trabalho”. Um dos integrantes do grupo chegou a abandonar o grupo em busca de trabalho mais rentável. Robson Armando, 23 anos, trabalhou como vendedor em uma loja durante um ano: “Decidi voltar porque a proposta do grupo é diferente. Trabalhar com ecologia provoca um sentimento diferente nas pessoas, outra forma de viver, e isso me fascina. Quando você trabalha no comércio, tem o dinheiro garantido no fim do mês, mas vai estar sempre alienado. Aqui as possibilidades são outras. Você pode ser um educador e ser o educado, trabalhar em uma comunidade, interagir, vivenciar um pouco a história deles, estar em crescimento o tempo todo. Você não passa simplesmente por aquele momento - você vive o momento”.
Fabiano da Conceição Bittencourt, 23 anos, é o único que trabalha com esculturas – ninguém ensinou, aprendeu sozinho e faz isso desde os oito anos. “A escultura é feita só de papel e cola. No acabamento final uso seda e alguns materiais que a natureza disponibiliza, folhas secas, sementes... Preciso de uma semana para fazer as peças menores (pássaros) e mais ou menos um mês para as maiores (Santo Antonio)”.
A comercialização fica por conta de Sidnei Han, 23 anos. “Para facilitar o meu trabalho estamos fazendo um portfólio. Também penso em coisas novas, o mercado é muito dinâmico. Temos um tema de representar o cotidiano: favelas, varal, crianças brincando, soltando pipa. Mas vamos adaptando para o dia das mães, dia dos pais. E se a pessoa quiser mandar alguma imagem diferente a gente cria. O Presidente da Eletrobras pediu um quadro cujo tema era a Arca de Noé”.
Os trabalhos do grupo podem ser encontrados na sede do CDDH – Rua Monsenhor Bacelar no. 100 – Centro de Petrópolis, de segunda à sexta, das 9h às 18h.
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